sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS SOBRE A DEMÊNCIA EM IDOSOS E SEU AVANÇO


FISIOTERAPIA PUC MINAS - 2º PERÍODO - POSTAGEM DE EPIDEMIOLOGIA

Gabriela Aparecida Moreira Diniz, Gustavo Almeida Alves, Lorena Ferreira dos Santos Costa, Marcela Mara Sá Paixão, Nayara Karolina Reis, Vânia Martins da Costa Melo

O envelhecimento populacional é um fenômeno global. Estima-se que, considerando a população mundial, o número de pessoas com 60 anos ou mais irá crescer mais de 300% nos próximos 50 anos, de 606 milhões em 2000 para quase dois bilhões em 2050. Este crescimento será maior nos países menos desenvolvidos, onde esta população irá aumentar mais do que 4 vezes, de 374 milhões em 2000 para 1,6 bilhões em 2050.
O Brasil é um dos países em desenvolvimento no qual o envelhecimento da população está ocorrendo com maior velocidade. Nos últimos 50 anos houve um aumento expressivo da população de idosos. Em 1950 essa população era de aproximadamente 2 milhões, e correspondia a 4,1% da população total. No ano 2000 esta população aumentou para 13 milhões e passou a corresponder a 7,8% da população total. Nos próximos 50 anos estima-se que será de 58 milhões, o que corresponderá a 23,6% da população total.
De acordo com Cerqueira e Oliveira (2002), tanto a queda da fecundidade quanto da mortalidade levaram a esse resultado demográfico, e as mesmas aconteceram desvinculadas de um desenvolvimento social, decorrendo mais da importação da tecnologia e avanços médicos, além da rápida urbanização do país. O aumento da expectativa de vida e o resultado do melhor controle de muitas doenças potencialmente fatais também contribuíram para esse quadro.
O envelhecimento da população traz, como uma de suas conseqüências, um aumento na prevalência dos problemas de saúde característicos do idoso: doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes, doenças reumatológicas, e alguns transtornos mentais. A demência, por exemplo, é uma doença que afeta aproximadamente 5% dos idosos aos 65 anos de idade e 20% daqueles com 80 anos ou mais.
Demência é um termo geral dado a uma síndrome onde ocorre a deterioração progressiva e persistente, caracterizada por déficit cognitivo em múltiplas esferas não associado a prejuízo da consciência. Todas as demências têm em comum um grave prejuízo nas atividades de vida diária (profissional e social) e na habilidade de aprender novas informações.
Segundo Veras et al. (2007), as síndromes demenciais são as principais causas de incapacidade e dependência na velhice e há fortes indícios de que essa patologia atualmente se situe entre as doenças que mais matam.
A prevalência de demência duplica a cada cinco anos após os 60 anos e, no grupo etário de 85 anos, chega a 25% e a 30% acima de 85 anos. Um estudo realizado com idosos brasileiros demonstrou que a prevalência de demência varia de 1,6% entre pessoas com idade de 65 a 69 anos, e a 38,9% naquelas com idade superior a 84 anos. Nesse estudo, também foi verificado que, proporcionalmente, a incidência anual de demência cresce de maneira sensível com o envelhecimento, de 0,6% a 2,8% na faixa etária dos 65 a 69 anos, para 8,4% nas pessoas com mais de 85 anos.
Diante do aumento do número de pessoas idosas portadoras de demência e da problemática em lidar com as situações decorrentes da prestação da assistência necessária visando o bem-estar e a integralidade do idoso e de seus familiares, reflexões sobre fatores envolvidos no gerenciamento da atenção prestada aos mesmos, se fazem necessárias e mais precocemente.
A demência, em suas diversas formas, tem particular relevância, não só pela freqüência com que ocorrem, mas principalmente, por ser, provavelmente, a mais devastadora das entidades patológicas, com sua ação deletéria sobre o idoso, a família, cuidadores e na sociedade em geral. Sendo assim, quanto mais rápido se fizer o diagnóstico e um eficiente programa de intervenções, melhor será o ganho na qualidade de vida dos idosos acometidos.
Com o crescente quadro de envelhecimento da população, tem-se exigido cada vez mais respostas no que diz respeito especialmente às políticas de saúde e sociais dirigidas à população idosa, com o intuito de preservar sua saúde e de atendê-la em suas doenças e particularidades, buscando minimizar as formas de evolução e complicações das mesmas. Por fim, mesmo com toda a tecnologia e avanço da medicina, o envelhecer será sempre marcado por complexidades, porém o importante durante esse processo é viabilizar condutas e estratégicas para garantir um maior tempo de funcionalidade e independência ao indivíduo, valorizando o mesmo como um ser presente e posteriormente dependente das habilidades dos que, em grande ou em pequena proporção fazem parte do seu convívio do dia a dia.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Osvaldo P. Idosos atendidos em serviço de emergência de saúde mental: características demográficas e clínicas. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. jan./mar.1999, vol.21, n.1, pp. 12-18. ISSN 1516-4446. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/ v21n1/v21n1a05.pdf> Acesso em: 05 set. 2010.

CERQUEIRA, Ana T.A.R.; OLIVEIRA, Nair I.L. Programa de apoio a cuidadores: uma ação terapêutica e preventiva na atenção à saúde dos idosos. Psicol. USP [online]. 2002, vol.13, n.1, pp. 133-150. ISSN 0103-6564. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642002000100007& lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em: 22 set. 2010.

KATO, Eliane M.; RADANOVIC, Márcia. Fisioterapia nas Demências. São Paulo: Atheneu, 2007.

SCAZUFCA, M et al. Investigações epidemiológicas sobre demência nos países em desenvolvimento. Rev. Saúde Pública [online]. dec.2002, vol.36, n.6, pp. 773-778. ISSN 0034-8910. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v36n6/13535.pdf> Acesso em: 05set. 2010.

VERAS, Renato Peixoto et al. Avaliação dos gastos com o cuidado do idoso com demência. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2007, vol.34, n.1, pp. 5-12. ISSN 0101-6083. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n1/a01v34n1.pdf> Acesso em 08 set. 2010.


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