O aumento da expectativa de vida da população aliada à redução da taxa de fecundidade registrada nas últimas décadas gera um maior número de indivíduos idosos no Brasil, principalmente aqueles com idade igual ou superior a 80 anos.
A idade avançada pressupõe o aumento do número de doenças mentais e psicológicas, como a depressão.
Apesar da causa da depressão ser desconhecida, fatores genéticos, além de psicológicos, ambientais e bioquímicos estão associados a esse processo, em graus que variam de indivíduo para indivíduo.
Além desses fatores, eventos de stress do dia-a-dia estão relacionados ao surgimento de sintomas e transtornos mentais. Segundo Kendler e cols. (1999) estudos no campo da depressão, demonstram que a exposição a eventos de vida estressores é determinada por fatores genéticos já que o conjunto de traços hereditários influenciados aumenta a chance de o indivíduo selecionar para si certas situações caracterizadas como estressoras. Assim eles refletem em um determinado tipo de “temperamento; natureza” que, por sua vez, predispõe o indivíduo a sofrer eventos de tensão e conseqüentemente ter episódios de depressão maior.
Os autores concluem que, para que esses eventos desempenhem um papel etiológico sobre o surgimento de sintomas de depressão ou ansiedade, deve haver uma tendência natural para lidar de forma inadequada com eles ou uma vulnerabilidade aumentada resultante de efeitos ambientais do transtorno mental parental, até mesmo a capacidade individual de interpretar, avaliar e elaborar estratégias de enfrentamento da situação são geneticamente influenciadas.
Estudos feitos pelos psiquiatras europeus Morel, Griesinger, Maudsley e Kraepelin, ainda no século XIX, comprovam que esse distúrbio afetivo se concentra em determinadas famílias. Pesquisas realizadas com gêmeos monozigóticos (geneticamente idênticos) e dizigóticos (compartilham apenas a metade da carga gênica) apontam maior proporção de depressão em univitelinos, o que reitera a genética como parte determinante no processo, sendo portanto um fator multifatorial. Entretanto, há uma dificuldade em demonstrar esse resultado já que esse transtorno pode apresentar diferentes sintomas, constatando episódios leves ou um único grave.
Até então, o estudo da genética molecular não conseguiu identificar um locus gênico específico para a depressão, possivelmente por se tratar de uma enfermidade com heterogeneidade etiológica.
Referências Bibliográficas
LAFER.B, FILHO.V.P.H .Genética e fisiopatologia dos transtornos depressivos. Revista Brasileira de Fisioterapia, Depressão , vol. 21 , maio 1999. texto na integra.
MARGIS.R, PICON.P, COSNER.F.A, SILVEIRA.O.R. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Revista de Psiquiatria RS, v. 25 ,supl. 1, p. 65-74, abril 2003.
NARDI.E.A, Depressão no Ciclo da Vida. Revista Brasileira de Psiquiatria, Porto Alegre, 22(3), p.149-52, 2000.
PRADO.A.M, CARAMELLI.P, FERREIRA.T.S, CAMMAROTA.M, IZQUIERDO.I. Envelhecimento e memória: foco na doença de Alzheimer. Revista USP, São Paulo, n.75, p. 42-49, setembro/novembro 2007. texto na integra.
Figura 1 - DEVIANART. A genética. Disponível em : texto. Acesso em: 20 de outubro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário