FISIOTERAPIA PUC MINAS - 2º PERÍODO - POSTAGEM DE CINESIOLOGIA
(Gabriela Aparecida Moreira Diniz, Gustavo Almeida Vaz, Lorena Ferreira dos Santos Costa, Marcela Mara Sá Paixão, Nayara Karolina Reis, Vânia Martins da Costa Melo)
Envelhecer faz parte da vida de todo ser vivo. O processo de envelhecimento é multifatorial e provoca mudanças no corpo e na habilidade do cérebro para responder a estímulos. Alterações neurológicas, cognitivas e do controle motor que acontecem nessa fase da vida podem ser indícios de quadros demenciais decorrentes de patologias e/ou fatores como: Doença de Alzheimer (DA), Demência Vascular (DV), Doença de Parkinson com Demência (DPD), infecções (HIV, meningites crônicas), traumas de crânio, tumores de SNC e vários outros.
Na velhice, a manutenção da qualidade de vida está intimamente ligada à autonomia e ao bem estar em geral do indivíduo que, pode ser indicada pela capacidade que o idoso tem de desempenhar as funções necessárias à manutenção da sua vida diária e prática, de modo a torná-lo independente dentro do contexto socioeconômico e cultural.
A presente revisão a seguir tem como objetivo relatar as alterações no controle motor que acometem os pacientes com demências, no caso o idoso, no período do envelhecimento.
A demência é uma doença que afeta aproximadamente 5% dos idosos aos 65 anos de idade e 20% daqueles com 80 anos ou mais e sua causa decorre de lesões do Sistema Nervoso Central (SNC).
De acordo com Mumenthaler e Mattle (2007), a demência é um distúrbio da função cognitiva que se torna grave o suficiente para interferir no comportamento social e ocupacional do indivíduo acometido.
Conforme os critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders em sua 4ª edição - 1994 (DSM – IV), o diagnóstico da demência requer a existência de múltiplos déficits cognitivos, incluindo memória e, pelo menos mais um domínio como linguagem, habilidades visoespaciais, funções executivas entre outras e, se baseia na aplicação de exames laboratoriais e de neuroimagem, além da constatação de perfil neuropsicológico característico do indivíduo.
Segundo Kato e Radanovic (2007) e na literatura em geral sobre a doença Demência, o comprometimento da marcha, o desequilíbrio, a instabilidade postural e o aumento do tônus muscular principalmente nos músculos flexores são conseqüências do evento. Os mesmos quando não comprometidos, são essenciais à manutenção da mobilidade e da capacidade funcional.
No processo de envelhecimento, os sistemas sensoriais (visual, vestibular e somatosensorial) já são afetados no idoso, o que acarreta alterações no equilíbrio e, com a progressão da degeneração neuronal associada à demência, essas alterações se tornam mais acentuadas.
Independente da etiologia das demências, todos os pacientes irão apresentar precocemente ou tardamente dificuldade para caminhar apresentando marcha mais lenta e com desvio da linha reta, dissociação de cinturas, oscilação de membros superiores diminuída, passos mais curtos e assimétricos, fase de oscilação reduzida, aumento da base de sustentação, dorsiflexão diminuída, fase de apoio aumentada e maior tempo de duplo apoio. Também se faz notar a flexão de membros inferiores, pouca sustentação de peso de forma independente e tendência a retropulsão com conseqüente anteriorização de tronco necessitando cada vez mais de supervisão e apoio para deambular. As articulações ficam prejudicadas levando a acentuada redução da amplitude articular e aparecimento de deformidades. Por fim, com o avanço da doença, o indivíduo passa a não mais trocar os passos, a marcha automática se torna ausente, o paciente perde a deambulação e passa a depender da cadeira de rodas para se locomover.
Na fase mais terminal da demência, o paciente perde sua mobilidade ativa, sua capacidade funcional se torna nula podendo evoluir para a Síndrome do Imobilismo (SI - estado de ausência de movimento voluntário) e passa a depender dos cuidadores e/ou familiares para se transferir e para a realização de tarefas como para sua higiene, alimentação e outras atividades básicas de vida diária. Os auxiliares devem receber informações sobre a doença e sua progressão e serem orientados quanto aos cuidados e necessidades dispensados aos idosos demenciados.
Considerando que, dentre os tipos de demências existentes, as de causa degenerativa são as mais freqüentes, as intervenções a serem adotadas sendo elas medicamentosas ou não têm como objetivo principal minimizar e retardar as perdas e complicações cognitivas, físicas, funcionais e comportamentais.
Sendo assim, diante de uma doença que se arrasta por tempo indeterminado e com tantas conseqüências que denigre a própria imagem do ser humano enquanto “ser funcional”, quanto mais precoce seja a intervenção de uma equipe multiprofissional para atender as necessidades individuais do idoso portador de demência, maior será a proporção da melhora da qualidade de vida e retardo da evolução da mesma através da aquisição de novas habilidades ou de adaptações a nova condição funcional apresentada.
Contudo, devemos nos lembrar que, mesmo na presença da patologia demência, as necessidades emocionais e humanas ainda se encontram presentes e, apesar das dificuldades encontradas durantes as intervenções, todos devem estar cientes que existe muito mais que gratidão no olhar desses idosos, quando do alívio de uma dor, do estímulo ao movimento, do caminhar e do toque carinhoso de quem o faz. É antes de tudo, um olhar de ternura por estarem sendo vistos como seres humanos e que merecem o carinho, respeito, atenção e a dignidade de terem uma melhora na qualidade de vida ainda que não se tenha a cura para a mesma.
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Izabela D.; FORLENZA, Orestes V.; BARROS, Hélio L. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2005, vol.32, n.3, pp. 131-136. ISSN 0101-6083. Disponível em:Acesso em 08 set. 2010.
CARAMELLI, Paulo; BARBOSA, Maria T. Como diagnosticar as quatro causas mais freqüentes de demência? Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2002, vol.24, suppl.1, pp. 7-10. ISSN 1516-4446. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v24s1/8850.pdf> Acesso em 08 set. 2010.
CARVALHO, Aline M.; COUTINHO, Evandro S.F.Demência como fator de risco para fraturas graves em idosos. Rev. Saúde Pública [online]. 2002, vol.36, n.4, pp. 448-454. ISSN 0034-8910. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v36n4/11763.pdf > Acesso em 24 set. 2010.
EDUARDO, Susan. Fisioterapia Neurológica: Uma abordagem centrada na resolução de problemas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
KATO, Eliane M.; RADANOVIC, Márcia. Fisioterapia nas Demências. São Paulo: Atheneu, 2007.
MUMENTHALER, Mark; MATTLE, Heinrich. Neurologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007
PESTANA, Luana C.; CALDAS, Célia P. Cuidados de enfermagem ao idoso com Demência que apresenta sintomas comportamentais. Rev. bras. enferm. [online]. 2009, vol.62, n.4, pp. 583-587. ISSN 0034-7167. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n4/15.pdf > Acesso em 24 set. 2010.
REYS, Bruno N. et al. Diagnóstico de demência, depressão e psicose em idosos por avaliação cognitiva breve. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2006, vol.52, n.6, pp. 401-404. ISSN 0104-4230. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v52n6/a18v52n6.pdf> Acesso em 24 set. 2010.
UMPRHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004.
Envelhecer faz parte da vida de todo ser vivo. O processo de envelhecimento é multifatorial e provoca mudanças no corpo e na habilidade do cérebro para responder a estímulos. Alterações neurológicas, cognitivas e do controle motor que acontecem nessa fase da vida podem ser indícios de quadros demenciais decorrentes de patologias e/ou fatores como: Doença de Alzheimer (DA), Demência Vascular (DV), Doença de Parkinson com Demência (DPD), infecções (HIV, meningites crônicas), traumas de crânio, tumores de SNC e vários outros.
Na velhice, a manutenção da qualidade de vida está intimamente ligada à autonomia e ao bem estar em geral do indivíduo que, pode ser indicada pela capacidade que o idoso tem de desempenhar as funções necessárias à manutenção da sua vida diária e prática, de modo a torná-lo independente dentro do contexto socioeconômico e cultural.
A presente revisão a seguir tem como objetivo relatar as alterações no controle motor que acometem os pacientes com demências, no caso o idoso, no período do envelhecimento.
A demência é uma doença que afeta aproximadamente 5% dos idosos aos 65 anos de idade e 20% daqueles com 80 anos ou mais e sua causa decorre de lesões do Sistema Nervoso Central (SNC).
De acordo com Mumenthaler e Mattle (2007), a demência é um distúrbio da função cognitiva que se torna grave o suficiente para interferir no comportamento social e ocupacional do indivíduo acometido.
Conforme os critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders em sua 4ª edição - 1994 (DSM – IV), o diagnóstico da demência requer a existência de múltiplos déficits cognitivos, incluindo memória e, pelo menos mais um domínio como linguagem, habilidades visoespaciais, funções executivas entre outras e, se baseia na aplicação de exames laboratoriais e de neuroimagem, além da constatação de perfil neuropsicológico característico do indivíduo.
Segundo Kato e Radanovic (2007) e na literatura em geral sobre a doença Demência, o comprometimento da marcha, o desequilíbrio, a instabilidade postural e o aumento do tônus muscular principalmente nos músculos flexores são conseqüências do evento. Os mesmos quando não comprometidos, são essenciais à manutenção da mobilidade e da capacidade funcional.
No processo de envelhecimento, os sistemas sensoriais (visual, vestibular e somatosensorial) já são afetados no idoso, o que acarreta alterações no equilíbrio e, com a progressão da degeneração neuronal associada à demência, essas alterações se tornam mais acentuadas.
Independente da etiologia das demências, todos os pacientes irão apresentar precocemente ou tardamente dificuldade para caminhar apresentando marcha mais lenta e com desvio da linha reta, dissociação de cinturas, oscilação de membros superiores diminuída, passos mais curtos e assimétricos, fase de oscilação reduzida, aumento da base de sustentação, dorsiflexão diminuída, fase de apoio aumentada e maior tempo de duplo apoio. Também se faz notar a flexão de membros inferiores, pouca sustentação de peso de forma independente e tendência a retropulsão com conseqüente anteriorização de tronco necessitando cada vez mais de supervisão e apoio para deambular. As articulações ficam prejudicadas levando a acentuada redução da amplitude articular e aparecimento de deformidades. Por fim, com o avanço da doença, o indivíduo passa a não mais trocar os passos, a marcha automática se torna ausente, o paciente perde a deambulação e passa a depender da cadeira de rodas para se locomover.
Na fase mais terminal da demência, o paciente perde sua mobilidade ativa, sua capacidade funcional se torna nula podendo evoluir para a Síndrome do Imobilismo (SI - estado de ausência de movimento voluntário) e passa a depender dos cuidadores e/ou familiares para se transferir e para a realização de tarefas como para sua higiene, alimentação e outras atividades básicas de vida diária. Os auxiliares devem receber informações sobre a doença e sua progressão e serem orientados quanto aos cuidados e necessidades dispensados aos idosos demenciados.
Considerando que, dentre os tipos de demências existentes, as de causa degenerativa são as mais freqüentes, as intervenções a serem adotadas sendo elas medicamentosas ou não têm como objetivo principal minimizar e retardar as perdas e complicações cognitivas, físicas, funcionais e comportamentais.
Sendo assim, diante de uma doença que se arrasta por tempo indeterminado e com tantas conseqüências que denigre a própria imagem do ser humano enquanto “ser funcional”, quanto mais precoce seja a intervenção de uma equipe multiprofissional para atender as necessidades individuais do idoso portador de demência, maior será a proporção da melhora da qualidade de vida e retardo da evolução da mesma através da aquisição de novas habilidades ou de adaptações a nova condição funcional apresentada.
Contudo, devemos nos lembrar que, mesmo na presença da patologia demência, as necessidades emocionais e humanas ainda se encontram presentes e, apesar das dificuldades encontradas durantes as intervenções, todos devem estar cientes que existe muito mais que gratidão no olhar desses idosos, quando do alívio de uma dor, do estímulo ao movimento, do caminhar e do toque carinhoso de quem o faz. É antes de tudo, um olhar de ternura por estarem sendo vistos como seres humanos e que merecem o carinho, respeito, atenção e a dignidade de terem uma melhora na qualidade de vida ainda que não se tenha a cura para a mesma.
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Izabela D.; FORLENZA, Orestes V.; BARROS, Hélio L. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2005, vol.32, n.3, pp. 131-136. ISSN 0101-6083. Disponível em:
CARAMELLI, Paulo; BARBOSA, Maria T. Como diagnosticar as quatro causas mais freqüentes de demência? Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2002, vol.24, suppl.1, pp. 7-10. ISSN 1516-4446. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v24s1/8850.pdf> Acesso em 08 set. 2010.
CARVALHO, Aline M.; COUTINHO, Evandro S.F.Demência como fator de risco para fraturas graves em idosos. Rev. Saúde Pública [online]. 2002, vol.36, n.4, pp. 448-454. ISSN 0034-8910. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v36n4/11763.pdf > Acesso em 24 set. 2010.
EDUARDO, Susan. Fisioterapia Neurológica: Uma abordagem centrada na resolução de problemas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
KATO, Eliane M.; RADANOVIC, Márcia. Fisioterapia nas Demências. São Paulo: Atheneu, 2007.
MUMENTHALER, Mark; MATTLE, Heinrich. Neurologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007
PESTANA, Luana C.; CALDAS, Célia P. Cuidados de enfermagem ao idoso com Demência que apresenta sintomas comportamentais. Rev. bras. enferm. [online]. 2009, vol.62, n.4, pp. 583-587. ISSN 0034-7167. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n4/15.pdf > Acesso em 24 set. 2010.
REYS, Bruno N. et al. Diagnóstico de demência, depressão e psicose em idosos por avaliação cognitiva breve. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2006, vol.52, n.6, pp. 401-404. ISSN 0104-4230. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v52n6/a18v52n6.pdf> Acesso em 24 set. 2010.
UMPRHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário