sábado, 15 de maio de 2010

Terapia Manual para o tratamento de cefaléia do tipo tensional

Postado pelos alunos: Gustavo Xavier, Paula de Almeida, Rayane Vilela, Rayssa Gianni e Tamires Camargos.

Cefaléia é o nome dado à dor na cabeça, podendo a mesma se manifestar de diferentes maneiras, como em pontadas, pressão, latejante, entre outras. A cefaléia do tipo tensional está relacionada a um excesso de contratura muscular na região cervical, assim como da musculatura pericraniana. Essa contração excessiva da musculatura cervical pode estar associada à tensão, ansiedade, nervosismo ou estresse. Esse tipo de cefaléia é muito freqüente na população em geral, tendo em vista ser muito comum a manutenção de posturas errôneas, somada a um ritmo diário de vida intenso e a outras desordens psicológicas como ansiedade ou depressão, o que favorece uma sobrecarga na musculatura cervical e pode desencadear o estabelecimento de um quadro álgico.

A cefaléia do tipo tensional (CTT) é, normalmente, bilateral e com predominância temporal, occipital ou frontal. “Origina uma dor surda e constante, como plenitude, aperto ou pressão.” (ADAMS; VICTOR;

ROPPER, 1998, p. 123-124). Pode também envolver toda a cabeça, analogamente a um capacete.

Não costuma ser concomitante a náuseas ou vômitos ou interferir significativamente nas atividades de vida diária. Na maioria dos casos, o indivíduo com CTT só procura um tratamento mais específico, ao invés da automedicação por analgésicos, quando a dor se torna persistente e incapacitante.

Hoffmann e Teodoroski estudaram a eficácia da pompage, na colouna cervical, no tratamento da cefaléia do tipo tensional. A pompage consiste em uma técnica de terapia manual que tem, como objetivo principal, promover alívio de dor. Realiza uma tensão lenta, regular e progressiva de certo segmento corporal e, dessa forma, promove alongamento, melhora da circulação e alívio da tensão muscular. Foi realizada uma pesquisa experimental, através de um estudo de caso de uma paciente diagnosticada com CTT. A paciente analisada pertence ao sexo feminino, possui vinte anos de idade, de etnia branca, residente no município de Tubarão e com diagnóstico de CTT. As sessões foram realizadas cinco vezes por semana, com duração de cinqüenta minutos, somando um total de dez sessões.

Tanto no início como ao final de cada atendimento, a paciente quantificava a intensidade da dor naquele momento através de uma escala visual analógica de dor. Para a realização da técnica, a paciente permaneceu em decúbito dorsal, com flexão bilateral de quadril e joelho. Baseado em Bienfait (1999, p. 71-72), o tratamento foi dividido em três tempos: tensionamento, manutenção da tensão e tempo de retorno. Foram realizadas pompagens nos músculos semi-espinhal da cabeça, escalenos, trapézio superior, elevador da escápula e esternoclido-occipito-mastóideo.

Na primeira sessão, a paciente apresentou CTT com grau quatro, ou pouco forte. Já na segunda sessão, esse número subiu para nove, ou seja, muito, muito forte. No restante das sessões, a paciente declarou não possuir mais crise de CTT, em que o grau de dor na escala visual analógica correspondeu a zero, ou seja, nenhuma dor. Com relação à duração da dor, foram realizados um pré e um pós-teste. No pré-teste, a paciente relatou que sua dor permanecia por uma semana, enquanto no pós-teste o relato foi de uma crise de menos de trinta minutos de duração. Quanto à freqüência da dor, a declaração para o pré-teste foi de dor contínua. Já nos pós-teste essa declaração passou para dor intermitente. Para os exames de palpação, no pré-teste, a paciente apresentou pontos-gatilho e hipertonia na musculatura posterior da coluna cervical, principalmente, na região do músculo trapézio superior. No pós-teste, verificou-se diminuição tanto da hipertonia quanto dos pontos-gatilho nos referidos músculos.

Com este estudo, os autores concluíram que a pompage promoveu diminuição da intensidade, da duração e da freqüência da dor, bem como da hipertonia e dos pontos-gatilho, apresentando um resultado satisfatório. O estudo ficou limitado, uma vez que a população foi restrita. Entretanto, espera-se que o mesmo possa despertar interesse na realização de novos estudos sobre o tema.

Morelli JGS e Rebelatto Jr realizaram um estudo que avaliou seis pacientes, entre eles cinco mulheres e um homem. Os participantes apresentavam idade entre 18 e 55 anos e diagnóstico de cefaléia tensional. As alterações na coluna cervical como presença de osteófitos, diminuição do espaço intervertebral, esclerose óssea subcondral e vértebra em cunha eram encontradas em três pacientes. Estes eram considerados portadores (IP) e aqueles que não possuíam alterações eram considerados não portadores (INP).

Os indivíduos do IP apresentavam as seguintes características: o primeiro tinha 55 anos e há 23 permanecia na mesma profissão, hiperlordose cervical, fortes dores, presença de osteófitos, diminuição do espaço intervertebral e esclerose óssea; o segundo era um estudante de 18 anos, com diminuição do perfil lordótico cervical, dores fortes e calcificação do espaço discal entre C5 e C6; o terceiro era um estudante de 22 anos com as características semelhantes ao segundo paciente, porém com osteófito posterior em C5. Os indivíduos do INP apresentavam lordoses cervicais normais e não tinham nenhum tipo de degeneração articular, o que os diferenciava era a intensidade da dor. O primeiro, de 22 anos, tinha dor violenta; o segundo, de 20 anos, tinha dor forte e o terceiro, de 35 anos, tinha dor moderada.

O tratamento foi realizado por um terapeuta e consistia em 10 sessões, com freqüência de 3 vezes por semana, onde eram feitas trações cervicais manuais, alongamentos, mobilizações e massagens.

Para construção de uma linha de base múltipla, foram denominadas duas fases (A e B). A fase A correspondia às medidas tomadas antes do inicio do tratamento e a fase B às medidas tomadas nos dias em que o indivíduo era tratado. O estudo fez uso da EVA (escala visual analógica), que media a intensidade da dor, além do LPD (limiar de dor por pressão), por meio do algômetro de pressão analógico.

Na fase A, a intensidade da dor apresentou oscilações acentuadas em ambos os grupos (IP e INP). Na fase B, todos obtiveram redução dos sintomas. Todos os pacientes apresentaram aumento do LPD desde a primeira sessão da fase A até a última sessão. Houve um acréscimo do LPD na fase B para ambos os grupos.

Comparando os grupos, os INP tiveram certa dificuldade na remissão da sensação de dor. Os dois primeiros pacientes desse grupo conseguiram uma diminuição da dor somente após 10 sessões e o terceiro obteve esse alívio na quinta sessão. O motivo para essa situação pode estar relacionado à intensidade da dor que sentiam, visto que o primeiro e o segundo apresentavam, respectivamente, dor violenta e forte, enquanto o terceiro relatava dor moderada. Todos do grupo IP apresentaram remissão total da dor, com exceção do primeiro, que pode estar associado ao fato de ter idade acima dos demais participantes do grupo e exercer uma profissão que prejudica sua postura.

O tratamento por meio da terapia manual foi eficaz para a doença apresentada e segundo alguns autores, a tração cervical é um recurso considerável para a redução das cefaléias. Além disso, a massagem e o alongamento também auxiliam no alívio da dor e induzem ao relaxamento, considerando que a massagem estimula os mecanoreceptores, promovendo a liberação de opióides endógenos e ainda melhora a circulação sanguínea.

Tomando como referência esses dois estudos, podemos concluir que tanto a pompage quanto a tração, a massagem e a mobilização cervical são técnicas eficazes para o tratamento da cefaléia do tipo tensional. Portanto, deve-se explorar melhor as técnicas de terapia manual no tratamento de CTT.

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