terça-feira, 18 de maio de 2010

Desenvolvimento motor de lactentes pré-termo participantes de um programa de intervenção fisioterapêutica precoce

Postado pelos alunos: Gustavo Xavier, Paula de Almeida, Rayane Vilela, Rayssa Gianni e Tamires Camargos.

O aumento do número de lactentes pré-termo despertou em diversos pesquisadores o interesse sobre as condições de vida dessas crianças, sua interação com o ambiente e o decorrer de seu desenvolvimento. As pesquisas ressaltam os fatores de risco e proteção e atividades sobre a prática de medidas preventivas.

Segundo alguns autores, a intervenção fisioterapêutica precoce apresenta benefícios, porém, muitas crianças são conduzidas às instituições após um longo período, apresentando geralmente algum distúrbio ou deficiência. Quando essa situação ocorre, a intervenção não é eficaz. Ela é considerada precoce antes que os padrões posturais e os movimentos anormais se instalem.

Durante o tratamento é importante considerar a relação entre o organismo e o ambiente, visto que, dentro de uma perspectiva “sócio-ecológica”, a intervenção na criança é considerável. O lactente, ao receber um atendimento individual, tem a vantagem de ser identificada como de risco e, além disso, a avaliação da família auxilia no processo de intervenção.

No estudo realizado participaram 8 lactentes pré-termo de ambos os sexos, com idade gestacional (IG) média de 32 semanas; idade cronológica média no início do estudo de 3 meses e 6 dias e idade corrigida média no início de 1 mês e 4 dias. Os critérios de inclusão foram: lactentes com IG menor que 37 semanas, peso de nascimento menor de 2.500 g, ter passado pela UTI neonatal, não apresentar patologias ortopédicas e neurológicas associadas e as mães deveriam aceitar a participação no estudo. Os lactentes foram divididos em grupo controle (GC) e grupo experimental (GE).

O material utilizado na pesquisa incluía um termo de consentimento, um roteiro de anamnese, uma ficha de registro da Alberta Infant Motor Scale, em que foram anotados os alcances motores do lactente ao longo do estudo nas posturas supino, prono, sentado e de pé.

Os pais que concordaram e consentiram o estudo, levaram seus filhos uma vez por semana ao setor de fisioterapia para que a intervenção fosse realizada. Os lactentes foram avaliados mensalmente durante 4 meses e durante a pesquisa podiam ser estimulados por brinquedos ou objetos para mudança de posturas.

Foram realizadas 3 etapas na primeira sessão de treino do GE: avaliação do repertório motor para registro de informações, com o intuito de delimitar o que seria treinado pelos pais; intervenção neuro-sensório-motora e treino dos pais. Para os integrantes do GC o processo foi similar, com exceção da 3ª etapa, que nesse caso, era realizada uma intervenção precoce com a presença dos pais.

Em analogia à análise de regressão, o modelo de regressão linear foi o que melhor representou as 4 subescalas e o escore total. Em ambas subescalas o GE foi superior ao GC, com exceção da postura de pé, em que a diferença entre os dois, apesar do GE ter sido maior, não foi significativa.

Ambos os grupos obtiveram resultados significativos, principalmente em prono e supino. A evolução do GE em relação ao GC foi maior, o que pode estar relacionado ao fato de que os pais desse grupo foram orientados a treinarem seus filhos nessas posturas. Destaca-se também que, apesar de prematuros, os bebes eram considerados normais, assim, alcançaram ganhos esperados para suas respectivas idades.

Os resultados apresentados pelo GC podem estar relacionados à evolução biomecânica. Nos primeiros meses de vida os bebes permanecem por mais tempo nas posturas prona e supina, pois ainda não tem um controle postural do tronco em posturas verticais para permanecerem sentados ou de pé. Em prono ocorre um maior controle cervical para a exploração do meio e posteriormente ocorre o apoio dos antebraços e mãos para o deslocamento do plano. Essas práticas são essenciais para a formação da curvatura da coluna vertebral da criança, mas apesar disso, muitos pais têm temor em deixar seus filhos nessas posições visto os riscos que podem correr, como por exemplo, de asfixiar-se. Já em supino, temos o desenvolvimento sensório-motor, muito importante para o aprendizado de noções de direção e percepção sonora. É uma postura muito adotada pelos pais para posicionarem seus filhos, mas os terapeutas observaram certa dificuldade por parte dos bebes em relação à orientação auditiva, visual e organização da cabeça na linha média. Visto isso, a intervenção foi focada nesse ponto.

Os resultados apresentados pelo GE também podem estar relacionados à evolução biomecânica, mas, além disso, pela orientação que os pais das crianças receberam. Com isso, estes permitiam que seus filhos permanecessem por mais tempo nas posturas avaliadas e dormissem em decúbito lateral.

O trabalho realizado com os lactentes foi importante, visto que constitui uma excelente ferramenta para avaliar a série de aquisições motoras adotadas pelos bebes. Além do mais, proporcionou aos profissionais da saúde um melhor direcionamento das intervenções, permitindo que tanto o terapeuta quanto os pais, acompanhem visualmente a evolução da criança, assim como o seu desenvolvimento em determinadas posturas.

Em relação ao estudo discutido, conclui-se que os pais apresentam uma importância considerável no desenvolvimento motor das crianças. A mudança do foco terapêutico, centralizada não apenas na criança, mas na família como um todo, é uma tentativa de aperfeiçoar a intervenção dos profissionais da Neuropediatria e contribuir para o trabalho da fisioterapia.

Confira o artigo: Desenvolvimento motor de lactentes pré-termo participantes de um programa de intervenção fisioterapêutica precoce.

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