terça-feira, 1 de junho de 2010

Doenças da Supra-renal



Ana Bárbara Rizzi, Ana Luisa Silva Pereira, Claúdia de Sousa Morais, Isabella Lorrayne Ataíde, Rafaella Fonseca Mesquita, Stephany Borges Martins

5º período



As glândulas adrenais, ou supra-renais situadas acima do pólo superior dos rins, consistem de duas partes embriológicas com funções distintas, sendo uma externa e outra interna. A parte externa conhecida como córtex adrenal, de origem mesodérmica, produz hormônios esteróides e constitui cerca de 80% da glândula adrenal. A parte interna ou medula adrenal é de origem endodérmica e produz as catecolaminas, noradrenalina e adrenalina.
O córtex supra-renal secreta aldosterona e cortisol sendo dois hormônios muito importantes, indispensáveis a vida. A aldosterona que pertence ao grupo dos mineralocorticóides é responsável por alterar as concentrações de íons (minerais) no corpo, tendo como efeito mais importante aumentar a intensidade da absorção dos íons sódio pelos túbulos renais, ao mesmo tempo que aumenta a secreção dos íons potássio, resultando na retenção de sódio no corpo, com perda de potássio.
O cortisol, hormônio mais importante do grupo dos glicocorticóides, participa dos mecanismos de controle do metabolismo de proteínas, gorduras, e carboidratos. Ele é um hormônio metabólico geral cujo efeito é mobilizar a gordura e proteínas dos tecidos para suprir a maior parte da energia necessária para o metabolismo. Porém, diminui a utilização dos carboidratos no processo metabólico, aumentando a concentração sanguínea de glicose.
Outro efeito do cortisol é estabilizar a membrana dos lisossomos, diminuindo a facilidade do rompimento destes no interior das células (há liberação de enzimas digestivas intracelulares). Tal efeito reduz consideravelmente o grau de inflamação dos tecidos que ocorre em muitas patologias, por exemplo, nas doenças auto-imunes como febre reumática, artrite reumatóide e outras doenças agudas.
Devido a estes efeitos no corpo, os glicocorticóides vêm sendo utilizados na terapia farmacológica, uma vez que interferem na glicose sanguínea, nas proteínas, no metabolismo ósseo e pressupõem ação antiinflamatória e imunossupressora, o que influencia no sistema imune do indivíduo, afetando o movimento dos leucócitos, o mecanismo antígeno e anticorpo, os eosófilos e o tecido linfótico.
Terapeuticamente, a principal ação dos glicocorticóides é a inibição do acúmulo de neutrófilos e monócitos no local da inflamação e a supressão da atividade fagocitária, bactericida e de processamento antígenos na célula. Isto contribui para a alteração do sistema imune, expondo o paciente a infecções. O seu uso excessivo pode levar a complicações, caracterizando a Síndrome de Cushing.
A Síndrome de Cushing é caracterizada por uma manifestação clínica decorrente ao excesso de glicocorticóides circulantes por um período prolongado. Ela pode ser causada por aumento de cortisol em função de uma produção “endógena”, através de tumores na glândula adrenal ou o mais comum acontecer é por tumores que se originam na glândula hipófise e que produzem o hormônio ACTH. O ACTH estimula a glândula adrenal a secretar o cortisol, e por isso, tumores que o produzem vão ter como conseqüência o excesso de cortisol. Entretanto, há também a Síndrome de Cushing denominada “exógena”, por ser causada pela ingestão excessiva de produtos a base de corticóides, tendo como exemplo pomadas, produtos inalatórios para asma, injeções, colírios e ingestão de comprimidos para tratamento de uma grande variedade de doenças, como reumatismos, processos alérgicos e inflamatórios. Essa forma de síndrome de Cushing é muito mais comum que a endógena e normalmente é facilmente diagnosticada através da história do uso dessas medicações.
As conseqüências clínicas mais comuns são: fraqueza muscular, estrias abdominais, redistribuição do tecido adiposo causando a giba de búfalo, hipertensão, diabetes, acne, aparência edemaciada da face (rosto em lua cheia) e osteoporose.
Essa sintomatologia ocorre devido ao efeito dos glicocorticóides sobre o metabolismo dos carboidratos e das proteínas. O excesso de glicocorticóide na corrente sanguínea leva à hiperglicemia, ocasionando um quadro denominado diabetes da supra-renal. Sendo esta, causada principalmente pelo aumento da gliconeogênese. Os glicocorticóides interferem na Síndrome de Cushing produzindo efeitos no catabolismo das proteínas, causando uma redução delas no organismo, principalmente nos músculos o que poderá desenvolver uma fraqueza grave. A perda da síntese protéica nos tecidos linfóides produzirá uma depressão do sistema imune, de modo que muito desses pacientes acabam morrendo de infecções, devido à baixa efetividade imunológica. As fibras de colágeno no tecido subcutâneo diminuem, se rompendo com uma maior facilidade ocasionando o aparecimento de estrias purpúreas. E nos ossos essa perda protéica, provavelmente, levará á osteoporose.
O tratamento dessa patologia depende da etiologia. Nos casos decorrentes da administração exógena de cortisona a medicação deve ser suspensa ao poucos em que inicialmente troca-se a medicação por uma forma semelhante a natural, até ser suspenso. Já em casos de tumores este deve ser removido cirurgicamente ou utilizando inibidores biossintéticos.
A fisioterapia não atua na origem da doença, pois a Síndrome de Cushing se trata de um distúrbio hormonal relacionado ao excesso de corticóides.
O tratamento fisioterápico atua nas manifestações clínicas da doença, que são: aumento de peso, fraqueza muscular (com diminuição da massa muscular), ossos enfraquecidos podendo causar a osteoporose, afinamento da pele com o aparecimento de estrias, hipertensão arterial, diabetes e depressão.
Indivíduos com fraqueza e diminuição da massa muscular são submetidos a exercícios isométricos, isotônicos concêntricos e excêntricos para ganho de força da musculatura comprometida e ganho de massa, além de exercícios resistidos, de controle e coordenação muscular e de fortalecimento. Os exercícios físicos são importantes para manter o tônus muscular e a capacidade funcional.
A osteoporose, doença degenerativa, tem seus efeitos minimizados através de práticas de atividades físicas, com o objetivo de promover uma melhora do equilíbrio, força muscular, coordenação, aumento da amplitude de movimento, diminuição da dor e tendo em vista a prevenção contra quedas e fraturas. Neste caso, a fisioterapia também é importante pois promove benefícios cardíaco, respiratório, muscular e ósseo.
Através da fisioterapia dermato funcional, pode-se controlar o aparecimento das estrias utilizando a estimulação com a microcorrente galvânica invasiva para um processo de reparação tecidual, melhorando a auto-estima do paciente.
Em pacientes hipertensos, através da fisioterapia, recomenda-se a reabilitação cardiovascular, promovendo uma redução nos valores da freqüência cardíaca de repouso e da pressão arterial antes, durante e depois dos exercícios.
O tratamento fisioterápico preventivo da diabetes, consiste em impedir o surgimento de lesões e ulcerações nos pés, orientando o paciente ao auto-cuidado.
Portanto, conclui-se que o tratamento fisioterápico é de extrema importância em relação Síndrome de Cushing, uma vez que o terapeuta acompanha a evolução desses pacientes em relação às manifestações clínicas da doença, objetivando a redução dos transtornos provenientes da síndrome.



Bibliografia:

GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c1988

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. et al. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c1998

BRODY, Theodore M. et al. Brody: farmacologia humana. Rio de Janeiro: Elsevier, c2006

BEVILACQUA, Fernando et al. Fisiopatologia clínica. 5. ed. Belo Horizonte: Atheneu, 1998

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