Ana Bárbara Rizzi, Ana Luisa Silva Pereira, Cláudia de Sousa Morais, Isabella Lorrayne Ataíde, Rafaella Fonseca Mesquita, Stephany Borges Martins
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A paralisia cerebral conhecida também como encefalopatia crônica não progressiva é caracterizada por lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada na maioria das vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o nascimento até os dois primeiros anos de vida, afetando o processo de amadurecimento do cérebro da criança, sendo que a principal causa é a prematuridade combinada com o baixo peso.
Em relação aos tipos de paralisia podemos classificá-la quanto sua distribuição corpórea em hemiparesia, diparesia, tetraparesia, monoparesia e quanto à disfunção motora em espástico, atetóide e misto.
É necessário entender como essas crianças se desenvolvem as várias alterações no tônus muscular e os reflexos e reações presentes ou ausentes. Para essa compreensão a cerca das alterações causadas pela paralisia, é salientada a importância de se estudar primeiramente, como ocorrem o desenvolvimento motor em crianças normais.
O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de tecidos nervosos do sistema nervoso central (SNC), portanto, são comportamentos não-aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança tenha condições adequadas para exercitar-se. Exceto em casos de privação ou distúrbio/doença, como é o caso da paralisia cerebral, esses comportamentos não se desenvolverão.
Assim, uma criança normal de seis meses depois de adquirir habilidades motoras ao longo do desenvolvimento será capaz de rolar de decúbito dorsal para ventral e de ventral para dorsal. Para rolar de decúbito dorsal para ventral ela adota os seguintes movimentos: inicia-se com flexão, rotação interna e adução de membros inferiores, passando para decúbito lateral, que permite fazer uma descarga de peso; sendo que estes movimentos ocorrem junto com a cabeça. Os membros superiores se encontram flexionados e aduzidos com uma adução escapular, a qual normalmente se move simetricamente com o quadril. Para que rolar se complete de dorsal para ventral os músculos abdutores do quadril são importantes para estabilizar a pelve, os músculos abdominais mantêm contraídos ate atingir o decúbito lateral, sendo este movimento uma transição de decúbito dorsal para ventral. Durante o movimnto o braço de baixo estará aduzido, enquanto o braço de cima estará abduzido para alçar o outro lado do corpo, transferindo peso do corpo e liberando o ombro que mantinha apoiado.
No rolar de decúbito ventral para dorsal o bebê realiza extensão de cabeça e tronco com abdução de membros superiores, sendo que há um sinergismo entre os músculos abdominais e paravertebrais. Ocorre flexão lateral do tronco e cabeça, que permitem um deslocamento do peso sobre o membro superior do lado que a face está voltada, ocasionando uma adução do ombro. Assim o braço do lado para o qual a face girou impulsiona o tronco para o lado contralateral, o que auxilia no movimento. Caso o cotovelo esteja alinhado com o antebraço haverá transferência de peso para o lado ulnar da mão e consequentemente uma rotação externa do ombro. A perna do lado facial realiza uma rotação externa do quadril e a perna contralateral estende e aduz, o que ajuda a estabilizar a pelve neste lado. Desta forma ocorre uma reação de equilíbrio e o bebe atinge o decúbito dorsal.
O atraso motor dos bebês com paralisia cerebral o prejudicam realizar esta e outras atividades, assim, essas deficiências motoras tendem a aumentar com o passar dos meses, dificultando a aquisição de uma aptidão caso não sejam tratadas.
O artigo estudado teve como objetivo esclarecer os motivos que impossibilitam o movimento de rolar em crianças com paralisia cerebral após os seis meses de idade, baseado nas habilidades essenciais para esta atividade, além de propor um método de tratamento.
Foram selecionadas para o estudo, vinte e cinco crianças com o diagnóstico confirmado de paralisia cerebral, com idade superior a seis meses e que não adotavam o movimento de rolar no atendimento fisioterápico da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Metodista de São Paulo, nos meses de Abril e Maio de 2003.
Para a aquisição do movimento rolar, eram necessários alguns critérios que foram avaliados: Reação de Landau, Reação de equilíbrio, Reação de endireitamento, Reação de retificação, RTCA, RTL, Simetria, Orientação à linha média, Negligência corporal, Controle cervical, Força abdominal, Controle de tronco, Resposta à estímulo sensorial (visão e audição), Estabilidade articular, Hipertonia de quadril, Retração de ombro, Reações associadas, Dissociação escapular e pélvica, além de testes para avaliação de tônus muscular.
Durante a avaliação observa se que um dos principais elementos limitantes da aquisição motora rolar nas crianças com paralisia cerebral foi a presença de uma hipertonia muscular principalmente nos músculos flexores dos membros superiores e de adutores em membros inferiores, estando relacionados com uma diminuição de forca muscular e uma ausência da dissociação escapular. Outro fator encontrado foi a ausência da reação de Landau, que é a capacidade de uma criança realizar extensão do corpo quando suspensa em decúbito ventral contra a gravidade e uma assimetria e fraqueza de abdominal que esta relacionada a uma hipertonia muscular .
Colhidos os dados percebeu-se que os elementos atuantes para que não ocorra o movimento rolar: fraqueza muscular, hipertonia muscular, ausência da reação da Landau, ausência de dissociação escapular e ausência de reação de equilíbrio; caracteriza uma imobilidade. Associados estes elementos, notou-se uma diminuição da mobilidade e posteriormente, dificuldade de realizar o movimento de rolar.
Na reabilitação desses pacientes a relação entre família, paciente e terapeuta e muito importante uma vez que pode interferir no quadro emocional, clinico, prognóstico e diagnóstico fisioterápico, sendo que quanto mais precoce for à intervenção melhor será a resposta motora.
O objetivo da fisioterapia consiste em ajudar a criança adotar um controle dos movimentos, modificando ou adaptando os, estimulando o desenvolvimento motor, organizando o sistema perante a maturação do mesmo a partir da chamada plasticidade cerebral, caracterizada pela capacidade do sistema nervoso
de se adaptar, mediante uma lesão, favorecendo assim uma reorganização cerebral.
Assim espera-se que cada terapeuta possa planejar uma intervenção adequada para cada individuo possibilitando a melhora do prognóstico e uma aquisição motora
ainda não adquirida, objetivando através de metas a serem alcançadas estimular ao máximo os potenciais de todos os pacientes com paralisia cerebral para que possam
ser capazes de realizarem novas aquisições e progredirem no desenvolvimento neuropsicomotor.
Confira o artigo completo em: Avaliação dos Principais Déficits e Proposta de Tratamento da Aquisição Motora Rolar na Paralisia Cerebral
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