sexta-feira, 4 de junho de 2010

Doenças Paratireoidianas

Manifestações musculoesqueléticas no hiperparatireoidismo primário


Postado por: Bruna Letícia, Camila Morais, Letícia Tasca, Rafaela Aguiar e Rosane Matos.




O hiperparatireoidismo primário (HPP) é uma doença metabólica caracterizada pelo excesso de funcionamento das glândulas paratireóides, causando o aumento do hormônio da paratireóide (PTH), levando ao aumento de cálcio no sangue e na urina e a sua retirada dos ossos.

O HPP pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais freqüente em mulheres no período pós-menopausa entre 50 e 60 anos. Os pacientes que apresentam um aumento discreto no nível de PTH e cálcio sérico podem ser assintomáticos, mas em alguns casos o HPP pode apresentar-se em diversas manifestações clínicas e musculoesqueléticas.

Dentre as manifestações clínicas estão: Litíase renal, nefrocalcinose, hipertensão arterial, arritmias, diabetes mellitus, úlcera péptica, constipação e alterações psiquiátricas.
Nas manifestações musculoesqueléticas encontram-se sintomas fibromiálgicos, fraqueza muscular, mialgias, condrocalcinose, gota, osteoporose, dor óssea, além de maior incidência de fraturas no esqueleto.

No presente estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foram avaliadas as manifestações musculoesqueléticas e comorbidades que poderiam estar relacionadas ao hiperparatireoidismo em 21 pacientes do sexo feminino com esse diagnóstico.

Mais da metade das pacientes apresentaram sinais de osteoartrite, um terço dos casos apresentavam quadro de artralgias seguidos de sintomas fibromialgicos, condrocalcinose e tendinopatias. Houve também alta frequência de manifestações osteometabólicas, como a osteoporose e fraturas ósseas decorrentes da redução da densidade mineral óssea.


Com relação às comorbidades clínicas em HPP, a hipertensão arterial sistêmica ocorreu em mais da metade das pacientes. O mecanismo pode ser decorrente da síntese de fator hipertensivo paratireoidiano,desencadeando a elevação da pressão arterial nestas pacientes. O aumento do PTH também é associado ao distúrbio no sistema renina angiotensina-aldosterona. Além disso, o fluxo aumentado de cálcio para o interior das células da musculatura lisa dos vasos, provoca o aumento da resistência vascular e da pressão sanguínea.

No HPP, a formação de úlceras dispépticas é aumentada, e o mecanismo pode ser decorrente do aumento da secreção ácida gástrica. No estudo, 19% dos pacientes apresentavam quadro de úlceras pépticas.

Entre as manifestações renais que acontecem em HPP, as pacientes apresentaram baixa taxa de litíase renal e alta frequência de hipercalciúria
A depressão, ansiedade e fadiga, como aconteceram nas pacientes do presente trabalho, podem estar associadas ao quadro de fibromialgia que, por sua vez, conforme já mencionado, encontra-se presente em casos de HPP.

A paratireoidectomia é eficaz pois reduz os sintomas, mas em alguns casos é necessário o uso de medicamentos. A fisioterapia vai atuar em conjunto com essas formas de tratamento com o objetivo de não só favorecer a aquisição de massa óssea, mas promover a melhora do condicionamento físico, força muscular, diminuição da dor, visando sempre a prevenção e a melhoria da qualidade de vida do paciente.

Referência:
SHINJO, Samuel Katsuyuki, PEREIRA, Rosa Maria Rodrigues, BORSSATTO, Adriane Gisele Fonseca et al. Manifestações musculoesqueléticas no hiperparatireoidismo primário. Rev. Bras. Reumatol., 2009, vol.49, no.6, p.703-711. ISSN 0482-5004.


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